segunda-feira, 3 de junho de 2013

Sorry, Mr Cham


quinta-feira, 23 de maio de 2013

O jogo da vida acadêmica - versão 1.0


Dizem, não sei se é verdade, que em algum lugar, talvez no Brasil, há um homem feliz. Vladimir, ele com certeza não é um professor. Após tirar meu casaco de general, com minhas calças vermelhas emprestadas do Jards, e mesmo estando tão cansado (...mas não prá dizer, que eu não acredito mais na universidade) volto a escrever estas mal-traçadas. Com a contribuição de outros poucos desiludidos surrounded, segue uma modesta contribuição à vidinha sem graça acadêmica. Trata-se de um joguinho. É claro que, sendo sobre a universidade, é quase impossível chegar ao fim. Não sei se trapaceando, mas você encontrará uma maneira de, como disse um idiota qualquer, na sua interpretação, driblar as dificuldades e chegar ao fim. Ou não. Mas até lá, divirta-se, eu tento (feet in road, jack).



Pode ser jogado usando o dado do cnpq, mas como ele é ambíguo na numeração (sem duplo sentido), pode causar mais confusão (hummm....).

domingo, 22 de abril de 2012

MISTÉRIOS DA PESQUISA BRASILEIRA - O DADO DO CNPQ
Dizem que "data are not given", será? Um dos maiores mistérios da pesquisa nacional teve, recentemente, uma divulgação ambígua em rede bbs pirata. Trata-se do misterioso DADO DO CNPq.
Nas comemorações dos sessenta anos da agência, o objeto veio a público pela primeira vez. Mostrado sempre em três faces, suscitou algum frenesi na comunidade acadêmica como um possível objeto icônico que pudesse revelar alguma luz sobre os métodos utilizados pela agência.
O mistério sobre o objeto partiu de um grupo de pesquisadores com longas listas de projetos recusados ou não-implementados em seu histórico no CV Lattes.
Confira o texto da mensagem na íntegra:
" Monte seu próprio dadinho para comemorar os sessenta anos de pesquisas do conselho nacional de pesquisas aos amigos!" Divulgado a forma como as comissões julgam os projetos no cnpq, o que até então era um grande e inescrutável dilema entre tantos e tantas que ouvem falar e de mais uns tantos que tem certeza, revelado finalmente a forma misteriosa do procedimento operacional padrão: é jogando o dadinho! Construa o seu tambem para julgar os trabalhos de seus alunos, pareceres de departamento, se seus filhos merecem ganhar mesada, qual a cor da meia e da cueca para usar, entre outras tantas tarefas que necessitam de elevadas doses de capacitação intelectual e julgamento de mérito. Não permita que o acaso e a displicência dominem mais as suas decisões. USe o dadinho do cnpq!!!
Legenda:
Bonequinho do cnpq: Seu projeto foi aprovado (não precisa ler mais nada!!!) 
Bonequinho pilantra sorridente: seu projeto foi indicado pelo(s) seu(s) par(es) na comissão!!! 
Seis: joque o dadinho de novo...(*) 
Zero: azarado...mensagem automática (ver "seis")(*)  
Xis: seu projeto foi detonado porque você é novato, inexperiente ou inimigo de alguem da comissão... 
Bloqueado: seu projeto teve mérito, mas a grana (sempre) é curta, valeu? 

(*) "6" e "0" equivalem ao número de projetos que você deve enviar ou editais a participar sem ter a costas quentes até ter aprovado um projeto de pesquisas. 

Ao trabalho! O que está esperando?? 

domingo, 10 de abril de 2011

Por uma nova cientometria tupiniquim

Capítulo I
No reino do blá-blá-blá
Universidade, este local mítico perpetua sua indecorosa existência no mundo. Em particular no Brasil, e porquê não dizer e tinha que ser aqui!, as coisas ficam ainda mais estranhas. Imaginada para ser um local de alto nível, durante muitos anos a universidade tem servindo como cabide de emprego para funcionários públicos, a chonga inflou e hoje se debate antes do previsível rigor mortis. Tem de tudo nela. Mas o que mais impressiona é a tríade aluno-burro+professor-picareta+funcionário-preguiçoso (com variações de livre combinação). É maioria, meu amigo. E o diabo é que o troço tinha que começar a criar os próprios quadros para não se acabar, pois era caro trazer os estranjas para formar os futuros professores -profissionais- de universidade. Criam-se assim alguns órgãos para gerenciar o clientelismo das verbas aos pesquisadores (famosos e amigos e amigos de famosos e todas as combinações), outro para grandes somas megalomaníacas em projetos mirabolantes da política governamental capitaneados somente por alguns (descambando para os temáticos blindados), e um outro órgão prá fiscalizar se estes elementos formados (no começo eles não queriam, mas as bolsas eram boas, as vantagens na aposentadoria foram aparecendo...) estavam fazendo tudo direitinho e se as pós-graduações estavam andando nos trilhos. Esses três órgãos vivem nas nuvens, e suas políticas desfocadas tocam uma estranha dodecafonia glossolálica enquanto que nas universidades uma fórmula mágica é ressoada como um mantra em todos os níveis e é alcunhada de "autonomia" (ela resvala perigosamente pela tangente do discurso e se fortalece com o mantra fútil esvaziado "tríade ensino-pesquisa-extensão") e lança um grande lençol branco da cegueira sobre o que se faz, o que se diz, e o que de verdade acontece. Professores preguiçosos formam alunos demenciais, funcionários clientelistas apóiam aqueles dirigentes carreiristas que farão vista grossa ou aumentarão suas mordomias (tipo 6/8h, 4/8h ou 0/8h, dependendo do local). Números! Números! Números! Grita o ministério. E as universidades respondem baixando os critérios de seleção e facilitando tudo para o mercado receber de braços abertos a massa ignara e mal-formada, preenchendo catédras incautas (em menor extensão), o mercado de serviços (em maior extensão), e a indústria (tá louco!??).  E daí, o papel da universidade se mostra:
1- Os quadros formados retornam, e no ritmo de ladeira abaixo já começamos a ver a espiral descendente acelerando vertiginosamente ;
2- Título universitário só serve para pendurar na parede, qualquer emprego fora da área de atuação é sempre melhor remunerado.
UEEEEBA! Passei no vestiba! Ueeeeeeeeeeeeeba!O professor é preguiçoso! Ueeeeeeeeeeeeeeeeba! É só apelar pro social que eu vou me formar!!!

Capítulo II
A Corte Real do Departamento
"Conjugam por todos os modos o Verbo Rapio, porque furtam por todos os modos da arte, não falando em outros novos e esquisitos. Tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo Indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo Imperativo, porque como têm o mero e misto império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina. Furtam pelo modo Mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam, e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos. Furtam pelo modo Optativo, porque desejam quanto lhes parece bem, e gabando as coisas desejadas aos donos delas, por cortesia sem vontade as fazem suas. Furtam pelo modo Conjuntivo, porque ajuntam o seu ponto cabedal com o daqueles que manejam muito, e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros da ganância. Furtam pelo modo Potencial, porque, sem pretexto, nem cerimônia usam de potência. Furtam pelo modo Permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões. Furtam pelo modo Infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos. Estes mesmos modos conjugam por todas as Pessoas, porque a primeira pessoa do Verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras, quantas para isso têm indústria e consciência. Furtam juntamente por todos os tempos, porque do Presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio, e para incluírem no Presente o Pretérito e Futuro, do Pretérito desenterram crimes, de que vendem os perdões e dívidas esquecidas, de que se pagam inteiramente, e do Futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído, e não caído lhe vem cair nas mãos. Finalmente, nos mesmos tempos não lhes escapam os Imperfeitos, Perfeitos, Plusquam Perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse. Em suma que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo Verbo: a furtar para furtar." Pe Antonio Vieira, séc XVII

Imagine o local mais nefasto do mundo. Feche os olhos e pense. Não, meu amigo, este lugar não é o inferno. "O inferno são os outros", já disse Sartre, um João Paulo. A crer-se no incrível relato bíblico, ao inferno se reservam os pecadores. Dante e Virgílio não assistiram jamais a reunião de um departamento, ou o teriam preferido ao inferno. Imagine um local onde todos fingem ser o que não são, falam que fazem o que não entendem, são ao mesmo tempo sábios, cientistas, verdugos, magistrados, réis e acusadores, alternando os papéis como só o mais perverso jogo de interesses seria capaz de criar. Pessoas frustradas, mentirosas, desmotivadas, ladinas, e coisa pior compõem esta ensandecida instituição. É lá, no âmago da universidade, entre o fino discurso intelectualóide, que os interesses se amoldam em ocultamentos e fingimentos, favorecimentos e clientelismos, e medra a falta de vocação. Durante anos, a inércia da vacância preencheu, como resíduos descendo ralo abaixo, os departamentos com o mais fino que o excremento social pode produzir: assim, por pura gravidade, as cadeiras e cátedras se preencheram. "Lave minhas mãos e meus pés, e este cargo será seu". Repousam no cabide à entrada as almas e o pouco caráter, como paletós e vestimentas penduradas, como quê da sujeira resguardada. Em troca de parcos votos que manterão um grupo no poder, encenam a dança - o minueto do fingimento - onde "finjo que te vigio, finges que trabalhas, te cubro de honrarias, fecha os olhos às maracutaias". "Em nome do povo, brado meu discurso". "Ganho pouco para fazer tudo que digo que faço".
Imagina se no departamento corresse muito dinheiro além de salários mixurucas e vantagens chinfrins? Até que píncaros de vilania não chegariam os próceres destrambelhados a imitar o congresso e outras instâncias da máfia nacional e do crime organizado. Corporativismo, mentira, vilania, inveja, nepotismo, orgulho, preguiça, avareza, falsidade, desfaçatez, safadeza moral (luxúria não...), deixam satanás a invejar o criador do departamento universitário. Mas são cientistas (JURO que escuto isso o tempo todo, vindo principalmente de quem nunca sequer publicou um único artigo científico internacional de sua lavra ou que não fosse pelo orientador... sei que isso não é parâmetro, mas serve).


Capítulo III
Mas afinal, prá quê serve isso?
Claro está que as atuais medidas cientométricas não podem ser aplicadas a tal estrutura. Urge a criação de novas e atualizadas ('contextualizadas') ferramentas adequadas a esta realidade paralela. O Qualis é uma abstração, mas em quê se baseia não. O fator de impacto e o índice h (bem, no brasil tudo é possível, como fabricar fator de impacto e índice h) ainda podem ser ferramentas úteis e imprescindíveis para a atribuição do Qualis. Mas, na minha humilde opinião, não reflete a realidade e a verdadeira face das universidades brasileiras (exceções não são contadas aqui). Desta forma, propomos, em substituição ao Qualis, o "Quasis". Em lugar do fator de impacto das publicações, propõe-se o "Fator de Invisibilidade". Este mede se sua publicação é visível em algum lugar além de seu CV Lattes. E em lugar do índice h, propõe-se a implantação do "índíce kHr", que é infelizmente o mais trabalhoso de aplicar pois resulta da reunião do índice L(Lazzy factor, mede o tempo do pesquisador em permancer parado -a inércia casual- até publicar em um periódico fora de sua área de atuação/formação), com o índice πKreτα, que é um reflexo direto da falta de vocação do pesquisador para a área científica, obtido através da análise do seu CV (multiplicando-se sua baixa produtividade pela ausência de orientação pontuada e dividindo-se pela falta de coerência histórica de objetivos).
Para que a utilização destes índices não pareça uma piada, o Centro de Estudos Avançados da Fazenda Tupiniquim (CESAFATUP), irá aplicar um estudo piloto em alguns departamentos universitários alhures escolhidos. Aguardem para breve.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Revelando o artista


CLIQUE NA IMAGEM

Colega que prefere ficar anônimo enviou-me estas quadrinhas, quem mandou? Ei-las publicadas, bardo irresponsável!

VANDALISMO
(Augusto dos Anjos)

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de
priscas e longínquas datas,
Onde um
nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Com os velhos Templários medievais
Entre um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!



BANDALHISMO
(Aldir Blanc)

Meu coração tem
butiquins imundos,
Antros de ronda, vinte-e-um,
purrinha,
Onde trêmulas mãos de vagabundo
Batucam samba-enredo na caixinha.

Perdigoto, cascata, tosse, escarro,
um choro soluçante que não para,
piada suja, bofetão na cara
e essa vontade de soltar um barro...

Como os pobres otários da Central
já vomitei sem lenço e
sonrisal
o
P.F. de rabada com agrião

Mais amarelo do que
arroz-de-forno
voltei pro lar, e em plena dor-de-corno
quebrei o vídeo da televisão.


ENROLISMO
(Zé
Piagê)

Meu coração tem laboratórios lacrados,
Salas de aula e auditórios vazios,
Onde um cara vagabundo descarado
Entortou o ensino com desvarios.

Destempero resultado da preguiça,
Desfaçatez por conluio de escrotos,
Nada se ensina aos pobres garotos
Tratados igual burros na cavalariça.

Tal qual os bem colocados do Enem,
que escolhem ir prá longe, e além,
a permanecer na aridez agrária,

Ao vexame de já estar pré-aprovado,
E já no segundo exame liberado
Na pilhéria cara da burrice hilária!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

COMO DETER O PROGRESSO

ou
COMO OS FÍSICOS PLANEJARAM O CNPq
Em A Fundação Mark Gable (1963), o físico Leo Szilard viaja de uma época para outra fazendo-se criogenizar durante algumas décadas. Conhece um bilionário aturdido pelo sucesso do seu banco de esperma (o que prometeu "bebês Nobel", alguns anos mais tarde, ficou entupido de encomendas) e preocupado em aplicar inteligentemente seu dinheiro. Como não pretende fazer qualquer coisa que seja para o avanço da ciência, "já excessivamente rápido", o narrador lhe sugere que faça alguma coisa para retardar o progresso científico. Eis sua receita:

...O senhor poderia criar uma Fundação, dotada de 30 milhões de dólares por ano. Os pesquisadores pobres poderiam pedir uma subvenção, sob a condição de quê seus argumentos fossem convicentes. Organize dez comissões, compostas cada uma de 12 cientistas e dê-lhes como tarefa transmitir estes pedidos. Tire de seus laboratórios os cientistas mais ativos e nomeie-os membros dessas comissões. Pegue os maiores cientistas do momento e faça-os presidentes, com honorários de 50 mil dólares por ano. Crie 20 prêmios de cem mil dólares a serem atribuídos às melhores publicações científicas do ano.
Em que isso retardaria o progresso?
...Primeiro, os melhores cientistas seriam tirados de seus laboratórios, e gastariam seu tempo nas comissões, transmitindo os pedidos de subvenção. Depois os trabalhadores cientistas pobres se empenhariam em resolver os problemas frutíferos que lhes permitiriam quase certamente chegar a resultados publicáveis. É possível que a produção científica cresça enormemente durante alguns anos. Mas ao buscar apenas o óbvio, a ciência logo se esgotará. Irá tornar-se algo como um jogo de sociedade. Alguns assuntos seriam considerados interessantes, outros não. Haveria modas. Os que seguissem a moda receberiam subvenções, os outros não. E aprenderiam, bem rápido, a seguir a moda.
Texto chupado do livro abaixo, seguindo os princípios norteadores da plagicombinação (estética do plágio) e da tecnologia do arrastão, propriedade do defeito de fabricação pensar da obra transculturalista de Tom Zé "Com defeito de fabricação"