segunda-feira, 23 de agosto de 2010

COMO DETER O PROGRESSO

ou
COMO OS FÍSICOS PLANEJARAM O CNPq
Em A Fundação Mark Gable (1963), o físico Leo Szilard viaja de uma época para outra fazendo-se criogenizar durante algumas décadas. Conhece um bilionário aturdido pelo sucesso do seu banco de esperma (o que prometeu "bebês Nobel", alguns anos mais tarde, ficou entupido de encomendas) e preocupado em aplicar inteligentemente seu dinheiro. Como não pretende fazer qualquer coisa que seja para o avanço da ciência, "já excessivamente rápido", o narrador lhe sugere que faça alguma coisa para retardar o progresso científico. Eis sua receita:

...O senhor poderia criar uma Fundação, dotada de 30 milhões de dólares por ano. Os pesquisadores pobres poderiam pedir uma subvenção, sob a condição de quê seus argumentos fossem convicentes. Organize dez comissões, compostas cada uma de 12 cientistas e dê-lhes como tarefa transmitir estes pedidos. Tire de seus laboratórios os cientistas mais ativos e nomeie-os membros dessas comissões. Pegue os maiores cientistas do momento e faça-os presidentes, com honorários de 50 mil dólares por ano. Crie 20 prêmios de cem mil dólares a serem atribuídos às melhores publicações científicas do ano.
Em que isso retardaria o progresso?
...Primeiro, os melhores cientistas seriam tirados de seus laboratórios, e gastariam seu tempo nas comissões, transmitindo os pedidos de subvenção. Depois os trabalhadores cientistas pobres se empenhariam em resolver os problemas frutíferos que lhes permitiriam quase certamente chegar a resultados publicáveis. É possível que a produção científica cresça enormemente durante alguns anos. Mas ao buscar apenas o óbvio, a ciência logo se esgotará. Irá tornar-se algo como um jogo de sociedade. Alguns assuntos seriam considerados interessantes, outros não. Haveria modas. Os que seguissem a moda receberiam subvenções, os outros não. E aprenderiam, bem rápido, a seguir a moda.
Texto chupado do livro abaixo, seguindo os princípios norteadores da plagicombinação (estética do plágio) e da tecnologia do arrastão, propriedade do defeito de fabricação pensar da obra transculturalista de Tom Zé "Com defeito de fabricação"